Ele chegar a casa, cansado do trabalho e eu esparramada no sofá, no meu dia de folga, a choramingar que não me apetece fazer o jantar, e ele dizer para me deixar estar que ele vai para a cozinha... E ainda ter petit gateau para a sobremesa!
Sou uma mulher de rotinas. Gosto do conforto que as rotinas transmitem. Gosto de ir almoçar sempre ao mesmo sítio, à mesma hora, na mesma mesa, e se gostar, variar pouco no prato que peço. Gosto que me sejam nesses locais, sempre simpáticos e disponíveis.
Gosto no entanto, e ainda assim, de passar despercebida, de parecer uma pessoa diferente a cada dia. Odeio por isso uma das grandes consequências da rotina: A familiarização. O tornar banal. O passar a ter de responder como estou, como me sinto e como me correu a semana. Odeio que me perguntem se é o habitual e pior ainda se presumirem que é o habitual. Odeio passar pela constrangedora situação, "hoje afinal não quero isto", apesar de diariamente durante meses ter sido "isto" que escolhi diariamente. Sinto-me arrogante por isso. Odeio esses sentimentos. Talvez por isso quando começo a ser demasiado frequente nos locais que frequento que acabo por fugir. Por apontar um ou outro defeito forçado e mudar. Num local foi porque me perguntaram o que não deviam, noutro foi porque senti que a comida afinal não era assim tão boa, noutros apenas porque quis evitar voltar a cometer os mesmos erros. No entanto são apenas sabotagens próprias.
Cheguem-se aqui baixinho que é para que ninguém nos oiça...
Destruir um carro só porque faz parte da concorrência numa manifestação... Continua a ser crime certo? Por que é que não vi a polícia a impedir que destruíssem o carro?... Por que é que estamos em 2016 e há pessoas a comportarem-se como se estivessem em 1916?